De 1999 a 2008 as empresas do transporte de passageiros de Santa Catarina perderam 30% dos clientes.
Dois fatores são apontados para a redução no número de pessoas transportadas. O primeiro deles é a facilidade de crédito, que está permitindo a compra de carros e motocicletas. Outro motivo é a descentralização dos serviços, que antes ficavam concentrados apenas nas grandes cidades.
Levantamento feito pelo Sindicato das Empresas do Transporte de Passageiros no Estado de Santa Catarina (Setpesc) aponta a queda significativa. "A redução foi muito expressiva e a situação é enfrentada em todo o estado", explica o diretor superintendente do Sindicato, Elias Sombrio.
Segundo o diretor, antigamente, as grandes cidades concentravam os serviços, desde atendimentos médicos até compras. Hoje, municípios de menor porte já oferecem praticamente tudo, evitando com que o morador se desloque para outros centros. "A descentralização das atividades, aliada com a melhoria na condição econômica do cidadão, fez com que ele optasse por comprar uma moto ou um carro", ressalta Sombrio.
Mesmo parcelado em 60 meses, o usuário troca a bloco de passagens pela prestação de um veículo. O problema é sentido nas empresas da região. Das 25 concessões que explorava em 2001, a Auto Viação São José, com sede em Urussanga, atua hoje com 11. Segundo o proprietário Luiz Fenili Júnior, um bloco de passagem da linha Urussanga/Criciúma custa R$ 180,00. "Com esse valor, a pessoa paga a parcela de uma moto, bota gasolina e ainda sobra. É esse cálculo que ela faz", comenta Fenili.
As perdas são sentidas a cada mês. "Desde 2001 para cá perdemos, em média, três mil passageiros por mês", revela. Enquanto o transporte coletivo de Criciúma leva, em média, 100 mil usuários por dia, a empresa de Fenili consegue a mesma quantia em um mês. "Junte-se a isso o desgaste do veículo e o custo de combustíveis, já que a maioria dos carros roda bem", destaca o empresário.
Gratuidades
Outro ponto criticado pelos proprietários de empresas de ônibus é o excesso de gratuidades. "A lei beneficia muitos. Alguns deles, com certeza, poderiam pagar normalmente", pondera Fenili.
De acordo com o diretor do Setpesc, o setor está procurando alternativa para não quebrar. "Já conseguimos reduzir a taxa administrativa, que é paga do Deter, de 8,5% para 4%. Esse valor incidia diretamente sobre as tarifas", informa Elias Sombrio.
Outra possibilidade que está sendo discutida com o Governo do Estado e os deputados é a redução da alíquota do ICMS sobre o óleo diesel que é comprado pelas empresas. "Estamos discutindo algumas propostas com os governos, procurando meios para o setor não sofra mais perdas".
Fonte: Rádio SATC - Criciúma www.portalsatc.com.br
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